MARCO PAULO ROLLA

OBRAS:

Em 1990, Marco Paulo Ribeiro Rolla formou-se na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, no mesmo ano participa do Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), e realiza a mostra individual de desenhos em técnica mista, Construções Fatais, no Palácio das Artes de Belo Horizonte. Expõe novamente no Panorama e também no 12º Salão Nacional de Artes Plásticas, organizado pela Fundação Nacional de Arte (Funarte), Rio de Janeiro, em 1993. Em 1989 e 1994, recebe o prêmio aquisição do Salão Nacional de Artes Plásticas. Recebe bolsa da Fundação Vitae e apoio do Ministério da Cultura (MinC), faz residência na Rijksakademie van Beeldende Kunsten, Amsterdã, de 1998 a 1999. Nessa instituição holandesa, fundada no século XVIII, que recebe e apóia artistas do mundo todo, onde Rolla realiza as performances Comfortables e Objects of Desire. Diversifica a técnica de sua produção, como mostra, em 2000, na exposição E da Volúpia do Desejo à Simplicidade da Morte. No ano seguinte, participa da criação e torna-se coordenador do Centro de Experimentação e Informação de Arte (Ceia), onde produz em 2003 a performance Banquete. Realiza exposições individuais e coletivas, tanto no Brasil quanto no exterior. Apresenta a performance O Visível e o Invisível na feira de arte Arco 08, em Madri, em 2008.

Comentário Crítico

Nos trabalhos de Marco Paulo Rolla, o desejo é indissociável da pulsão de morte e os extremos – prazer e dor, bem e mal – estão sempre juntos, como nota o crítico Tadeu Chiarelli.¹ Em pinturas dos anos 1990, encontram-se objetos de desejo, como eletrodomésticos e comidas, joias, vestidos e tecidos suntuosos, em situações de violento desequilíbrio, seja com pessoas gritando e brigando ao redor, seja flutuando ou cobertas de véus pretos e presas em redemoinhos. A tinta é acrílica e a nitidez que talvez antes existisse se dissolve em uma inquietante instabilidade líquida. O crítico Agnaldo Farias ressalta que as telas ativam a memória de tempos de harmonia que foram bruscamente interrompidos.²

Nos objetos, o mesmo conflito se mostra. As figuras elegantes de porcelana holandesa, da série Oracles, 1999, estão quebradas e, dentro delas, há pedaços do que seria o esqueleto daquelas personagens. Em um diálogo com a história da pintura holandesa – as grandes naturezas-mortas -, na série Vanitas, 2003, há carnes e verduras cruas feitas de porcelana, material inusitado para tais representações.

As performances lidam com a mesma temática. Segundo Rolla, as possibilidades expressivas da performance são muito maiores do que as de outras artes e são mais adequadas à crítica do mundo capitalista das novas tecnologias, pois trazem de volta a memória do corpo.³ Em Banquete, uma autêntica refeição servida ao público e a alguns performers, a volúpia está

presente nos corpos nus e nos alimentos, e a morte, nos pães em forma de braços e pernas humanos e na galinha viva, sacrificada e devorada crua. Em Comfortables, móveis como camas e sofás estão em lugares improváveis, como paredes e tetos, é o esforço do equilíbrio do artista, numa crítica ao conforto burguês.

Notas

1 CHIARELLI, Tadeu. Com medo de crescer. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 7 jun. 1994.

2 ROLLA, Marco Paulo. Marco Paulo Rolla. Texto Agnaldo Farias. Belo Horizonte: Sala Corpo de Exposições, 1993.

3 MIP : Manifestação Internacional de Performance, 2005, Belo Horizonte. MIP: Manifestação Internacional de Performance – International Performance Manifestation. Belo Horizonte: Rua José Moreira Fraga, 376 Ceia, 2005. p.27.

Críticas

“O desmantelamento da matéria visível é o foco central da poética de Marco Paulo Rolla, e o uso de imagens existentes criadas pela publicidade no momento em que o mundo pós-industrial conheceu seu primeiro grande arranque e divulgação dá-se pela evidência de que sua aceitação pelo público se deveu justamente ao alto índice de organização que elas possuíam e que, por extensão, preconizavam. Cada uma dessas imagens que povoavam as revistas, os ‘reclames’, as ilustrações, foi elaborada com a precisão de arquétipos da calma; verdadeiros dispositivos de estabilização. É assim que o artista as trata. E por isso ele as subverte, as desorganiza por intermédio do convulsionamento da massa cromática, de tensas e sombrias relações de cores, fazendo com que cada ambiente, cada pedaço de corpo, cada olhar, cada simples objeto estremeça e exale sua carga de loucura, seu tremor oculto e terrível”.

Agnaldo Farias

ROLLA, Marco Paulo. Marco Paulo Rolla. Tradução Luíza Pietro. Belo Horizonte: Sala Corpo de Exposições, 1993.

“Marco Paulo tem desenvolvido uma pesquisa muito consistente enfrentando os problemas de lidar com a figuração hoje. Se a referência ao universo kitsch é recorrente, a peculiar distribuição espacial dos elementos tem lhe permitido um uso em contínuo amadurecimento do desenho, seu verdadeiro carro-chefe”.

Felipe Chaimovich

A gravidade caótica de Marco Paulo Rolla. In: Jornal da Tarde 22/08/96, p. 8C

“Do desenho à performance, da fotografia ao veludo, Rolla surpreende o observador acostumado a buscar na produção de um artista apenas o artesão especializado em uma única modalidade ou material. Infiel a qualquer procedimento, Rolla parece querer ampliar a potência e fertilidade de sua poética, justamente pela difusão da mesma em vários suportes. E se não se

percebe no artista qualquer espécie de fidelidade quanto às técnicas e/ou procedimentos, o mesmo creio que seja possível dizer quanto ao endereçamento de seu desejo: corpos femininos, corpos masculinos e corpos andróginos monstruosos e sedutores, ora pintados, ora desenhados, ora fotografados… chamam a atenção para uma espécie de desejo difundido a tudo e a todos, sem direcionamentos premeditados, demonstrando uma complexidade que, riquíssima, extrapola, no entanto – e felizmente! -, os aspectos apenas formais das obras apresentadas. (…) Rolla, dono de uma sensibilidade típica de fim de século, e de um milênio que termina melancolicamente, se vale de um estratagema muito usado por um determinado segmento da arte do século XX: ao invés de criar imagens e/ou formas, o artista tende a se apropriar daquelas já existentes. No entanto, o conceito de eleição indiferente, presente no ready-made duchampiano, em Rolla perde qualquer sinal da frieza oriunda do racionalismo irônico, preocupado em desconstruir o sistema da arte pelo deslocamento de objetos e/ou imagens comuns para o universo da arte. A atitude de Rolla é mais quente. No caso das serigrafias pautadas nas fotos de pin-ups, o artista, como uma espécie de predador, se apodera daquelas imagens que vagam no imaginário erótico de todos nós, e sobre elas faz jorrar sua libido incontida, ampliando a potencialidade erótica da caça abatida (…), neutralizando, no entanto, o sentido original da mesma (…). Se existe um ?momento fecundo? na produção de Marco Paulo Rolla, este não está propriamente na ‘cena’ retratada pelo artista, mas no ato mesmo em que o observador, por meio do olhar, flagra, na obra, a luta entre eros e tanatos, entre vida e morte, entre amor e ódio, entre a ação do artista – destruidora e fertilizante, ao mesmo tempo -, sobre a imagem original que se transforma. . . (…) Riquíssima e extremamente complexa, essa amostragem das obras de Marco Paulo Rolla coloca o artista como possuidor de um dos mais singulares imaginários surgidos no campo da arte brasileira atual”.

Tadeu Chiarelli

ROLLA, Marco Paulo. Da volúpia do desejo à simplicidade da morte. Texto Tadeu Chiarelli; curadoria José Roberto Furtado; tradução John Roberts. Goiânia: MAC, 2000. p. [2].

Acervos

Centro Cultural da UFMG – Belo Horizonte MG

Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – Belo Horizonte MG

Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP – São Paulo SP

Exposições Individuais

1988 – Belo Horizonte MG – Disparo Simultâneo, no Centro Artístico Tangran

1989 – Belo Horizonte MG – Merz, na Galeria IBM

1990 – Belo Horizonte MG – Construções Fatais, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes

1990 – Belo Horizonte MG – Marco Paulo Rolla: litogravura, na Itaugaleria

1990 – Ribeirão Preto SP – Marco Paulo Rolla: litogravura, na Itaugaleria

1991 – Belo Horizonte MG – Conforto/Confronto, na Sala Corpo de Exposições

1992 – São Paulo SP – Individual, na Galeria Casa Triângulo

1993 – Belo Horizonte MG – Individual, na Sala Corpo de Exposições

1994 – São Paulo SP – Individual, na Galeria Casa Triângulo

1996 – Freiburg (Alemanha) – Individual, na Galerie Ruta Correa

1996 – São Paulo SP – Individual, na Galeria Casa Triângulo

1999 – Belo Horizonte MG – Da Volúpia do Desejo à Simplicidade da Morte, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes

2000 – Goiânia GO – Da Volúpia do Desejo à Simplicidade da Morte, no MAC/GO

2000 – Leeuwarden (Holanda) – Oracle, no Museum het Princessehof

2001 – São Paulo SP – Individual, na Galeria Casa Triângulo

2004 – São Paulo SP – Individual, na Galeria Vermelho

Exposições Coletivas

1986 – Belo Horizonte MG – 2º Integrarte: exposição anual dos alunos da EBA/UFMG, na UFMG. Escola de Belas Artes

1986 – Curitiba PR – 43º Salão Paranaense, no MAC/PR

1987 – Belo Horizonte MG – Lance de Dados, Galeria de Arte do IAB

1987 – Belo Horizonte MG – Salão da Aeronáutica, no MAP – referência especial do júri

1987 – Ribeirão Preto SP – 12º Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto, na Casa da Cultura

1988 – Belo Horizonte MG – 3º Integrarte: exposição anual dos alunos da EBA/UFMG, na UFMG. Escola de Belas Artes

1988 – Belo Horizonte MG – 6º Salão Nacional Universitário, no MAP – 3º prêmio

1988 – Curitiba PR – 45º Salão Paranaense – menção honrosa

1989 – Belo Horizonte MG – Homenagem ao Centenário de Nascimento de Cocteau, no Palácio das Artes

1989 – Belo Horizonte MG – Homenagem ao Centenário de Nascimento de Cocteau, na Galeria Genesco Murta

1989 – Belo Horizonte MG – 21º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Belo Horizonte, no MAP

1989 – Belo Horizonte MG – Salão Nacional Universitário, na UFMG. Centro Cultural – 3º prêmio

1989 – Rio de Janeiro RJ – 11º Salão Nacional de Artes Plásticas, na Funarte

1990 – Belo Horizonte MG – Iconografia Profana, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes

1990 – Belo Horizonte MG – 22º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Belo Horizonte, no MAP

1990 – Curitiba PR – 9ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, no Museu da Gravura

1990 – São Paulo SP – 21º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1991 – Belo Horizonte MG – A Prova dos Nove, na Cemig. Espaço Cultural Galeria de Arte

1991 – Belo Horizonte MG – Alô, Tudo Bem?, na Gesto Gráfico Galeria de Arte

1991 – Vitória ES – Instalação Porto 91, no Porto de Vitória

1992 – Belo Horizonte MG – Utopias Contemporâneas, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes

1992 – Juiz de Fora MG – Cecília Meireles, Visão Mineira

1993 – Rio de Janeiro RJ – 13º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Palácio Gustavo Capanema

1993 – São Paulo SP – 23º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP

1993 – São Paulo SP – Cinco, na Galeria Casa Triângulo

1993 – São Paulo SP – Homem Sanduíche, na Praça Ramos de Azevedo

1994 – Helsinque (Finlândia) – Coletiva, no Marjatta Oja Studio

1994 – Helsinque (Finlândia) – Coletiva, no Muury Gallery

1994 – Rio de Janeiro RJ – 14º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Palácio Gustavo Capanema – prêmio aquisição

1994 – São Paulo SP – Acervo 94, na Galeria Casa Triângulo

1994 – São Paulo SP – Ainda a Figura, no MAM/SP

1995 – Chicago (Estados Unidos) – Fag-O-Site, na University of Illinois. Gallery 400

1995 – Rio de Janeiro RJ – A Infância Perversa: fábulas sobre a memória e o tempo, no MAM/RJ

1995 – Salvador BA – A Infância Perversa: fábulas sobre a memória e o tempo, no MAM/BA

1995 – São Paulo SP – Amanhã, Hoje: a Casa Triângulo de 1988 a 1995, no MAB/Faap. Salão Cultural

1996 – São Paulo SP – 1ª Off Bienal, no MuBE

1996 – São Paulo SP – Arte Brasileira Contemporânea: doações recentes/96, no MAM/SP

1996 – São Paulo SP – Atelier Santa Cecília, na Galeria Múltipla de Arte

1996 – São Paulo SP – O Excesso, no Paço das Artes

1997 – Belém PA – Sete Artistas Emergentes, na Galeria Theodoro Braga

1997 – Belo Horizonte MG – Prospecções: arte nos anos 80 e 90, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes

1997 – Dotternhausen (Alemanha) – 4 x Minas Gerais – Brasil, na Rohrbach Zement GmbH & Co KG

1997 – Madri (Espanha) – Arco/97, no Parque Ferial Juan Carlos I

1998 – Amsterdã (Holanda) – Open Ateliers, na Rijksakademie van Beeldende Kunsten

1998 – Belo Horizonte MG – O Suporte da Palavra, no Itaú Cultural

1998 – Campinas SP – A Gravura como Escultura, no Itaú Cultural

1998 – Campinas SP – Medidas de Si, no Itaú Cultural

1998 – Penápolis SP – A Gravura como Escultura, na Galeria Itaú Cultural

1998 – Rio de Janeiro RJ – 16º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ

1998 – Rio de Janeiro RJ – Arte Brasileira no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo: doações recentes 1996 – 1998, no CCBB

1998 – São Paulo SP – A Gravura como Escultura, no MAM/SP

1998 – São Paulo SP – Medidas de Si, no MAM/SP

1998 – São Paulo SP – O Suporte da Palavra, no MAM/SP

1999 – Amsterdã (Holanda) – Open Ateliers, na Rijksakademie van Beeldende Kunsten

1999 – Madri (Espanha) – Arco/99, no Parque Ferial Juan Carlos I

2000 – Amsterdã (Holanda) – By Accident, na Loerakker Galerie

2000 – Belo Horizonte MG – Investigações. A Gravura Brasileira. São ou Não São Gravuras?, no Itaú Cultural

2000 – Brasília DF – Investigações. São ou Não São Gravuras?, na Galeria Itaú Cultural

2000 – Curitiba PR – 12ª Mostra da Gravura de Curitiba. Marcas do Corpo, Dobras da Alma

2000 – São Paulo SP – Ars Erótica: sexo e erotismo na arte brasileira, no MAM/SP

2001 – Madri (Espanha) – Arco/2001, no Parque Ferial Juan Carlos I

2001 – São Paulo SP – Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB/Faap

2002 – Liverpool (Inglaterra) – Pot

2002 – Londrina PR – São ou Não São Gravuras?, no Museu de Arte de Londrina

2002 – São Paulo SP – Paralela, no Galpão localizado na Avenida Matarazzo, 530

2002 – São Paulo SP – Pot, na Galeria Fortes Vilaça

2003 – São Paulo SP – Meus Amigos, no MAM/SP

2004 – São Paulo SP – Grátis, na Galeria Vermelho

2004 – São Paulo SP – Novas Aquisições: 1995 – 2003, no MAB/Faap

2005 – São Paulo SP – O Corpo na Arte Contemporânea Brasileira, no Itaú Cultural